Senhora dos Remédios

Aconteceu no dia 22 de Janeiro o lançamento, com mais de quinhentas pessoas presentes, o lançamento oficial do filme Senhra dos Remédios. Iniciada a noite ao som do melhor da musica com Edilson Mangueiram grande colaborador do grupo PBC em seus eventos com sua aparelhagem da melhor qualidade. Suely Rodrigues cantando suas lindas músicas em parceria com nosso ator Vilebaldo Rocha, inclusive "Eu te Amo", tema do filme e faixa do caprichado cd "Roteiro do Olhar" e Monize Borges e sua voz incrível!
Em seguida o serimonialista da noite fez a oratória contando um pouco da estória do PBC e seu traheto até a concepção do longa e convidou o elenco principal do filme a desfilar pelo tapete vermelho.
O diretor Flávio Guedes fez uso da palavra discursando um texto emocionado, arrancando aplausos dos presentes.
DISCURSO DO DIRETOR:
Em maio de 2009 demos início ao nosso louco sonho de realizar um longa metragem em Picos, que falasse de Picos, com o povo de Picos. Como somos filhos do Teatro, decidimos que adaptaríamos a peça de Mundica Fontes e Ozildo Albano “ O Auto da Chegada de Nossa Senhora dos Remédios a Picos”, que já havíamos encenado algumas vezes por ocasião dos festejos da padroeira. Pouco tínhamos em mãos e a mim coube a missão de adaptar o texto. Pesquisa histórica, leitura da peça, análise de documentos e oralidade da história me serviram de fonte de inspiração para desenvolver esse enredo que apesar de baseado nos fatos reais, é uma obra recheada de ficção.

Um dos primeiros questionamentos dentro do próprio grupo foi a cerca do nome do escravo, ao qual nomeei Tição. É sabido que seu nome real se perdeu na história, mas eu quis lhe dar um apelido forte e que nos fizesse refletir sobre o nosso mascarado e enraizado preconceito.

Roteiro escrito, alguns personagens definidos, mas ainda era preciso muita gente para compor a obra. Uma audição para selecionar atores foi marcada e de lá juntaram-se a nós grandes nomes nos agregando ainda mais valor.

As gravações tiveram início em outubro de 2009, mês em que também decidimos quais seriam os cenários do filme. A primeira cena nos empolgou a todos e então nos dedicamos a um ritmo frenético de gravações em que todo o elenco se dedicou, abriu mão de outros afazeres, de seu lazer por muitas vezes, para que pudéssemos seguir com esse trabalho. Atores e atrizes que acordavam muito cedo para estar no set de gravação. Outros que esperavam por horas a fio para uma pequena cena no dia. O horário do almoço ou do jantar que chegava e ainda estávamos na canseira das gravações... E o que dizer também de nossos parceiros, donos das residências que nos serviram de cenário para a casa do coronel? Dona Carmem e seu filho, Marcos Holanda e toda sua família, que sempre nos receberam de portas e braços abertos, sempre gentis, nos tolerando a qualquer hora do dia ou da noite. Todo agradecimento a vocês seria insuficiente, mas saibam que só chegamos aqui porque vocês também estavam conosco.

A busca aos apoios financeiros nos foi um grande sacrifício. Não por ter que ir pedir, mas pelo que ouvíamos e recebíamos de muitos. Muitos estabelecimentos nos olhavam incrédulos, e com muito sacrifício nos ofereciam 10, 20, 30 ou raras vezes, 50 reais. Isso quando ofereciam. Não podíamos deixar de receber, afinal, para o que nos dispomos a fazer teríamos muitos gastos. Uma pessoa em especial nos deu uma boa e significativa ajuda financeira tanto no início quanto agora no final do processo, mas nos pediu pra não ser citado. E estando aqui na platéia quero em nome de toda a equipe te dar nosso muito obrigado!

Mas agradeço também, de todo o coração a todas as outras ajudas, afinal, só contribuímos com o que queremos e podemos, e todas as contribuições nos foram valiosas.

E como escrevi no blog oficial do filme,

Nesses dias que antecederam a estréia do nosso primeiro longa, o filme Senhora dos Remédios, como não poderia deixar de ser a ansiedade era muito grande. O sono não vinha, os planejamentos não paravam, a idealização da noite nos acometia de forma tal que pensei que só nos acalmaríamos agora, quando começasse o evento, mas vejo que me enganei, continuo, nervoso, tenso, ansioso pela reação de vocês logo mais ao ver nosso filme.
Muitos dias ao sol, muitas noites em claro, muitos eventos perdidos, muitas diversões deixadas de lado para que pudéssemos chegar aqui.
Não temos em nossas mãos uma obra holliwodiana, visto que nossos recursos financeiros e tecnológicos não nos permitiam isso, mas temos conosco um filme acalentado, cuidado, moldado à nossa cara: com simplicidade mas forte, com humildade mas audacioso, com poucos recursos mas repleto de amor e vontade de desbravar um pouco da nossa história e assim também fazer história ao mostrar na telona o nosso rosto, as nossas raízes e nossa identidade.

O filme que vocês verão nos é ainda mais valioso por todas as dificuldades. Como esquecer do nosso ônibus virando quando voltávamos, Sávio e eu, de gravações nos lençóis maranhenses? Como esquecer da réplica da imagem que ficou debaixo de todas as malas no bagageiro do ônibus virado, e mesmo sendo tão frágil não se quebrou quando muitos ali saíram feridos, fraturados, desesperados? Como esquecer o trauma que foi ter nosso material levado na semana que aconteceria a primeira estréia, depois de parte do elenco ter assistido ao filme na íntegra e se enchido de expectativas? Mais que financeiro, nosso prejuizo foi emocional e a partir dali, quase não consegui me reanimar. E cheguei a pensar em desistir, não fosse o elenco de amigos e minha família que me cercou de cuidado, carinho e apoio. Só com eles pude superar criticas e comentários maldosos a respeito do roubo. Ergui a cabeça, revi o material que tínhamos em mãos e recomeçamos a luta. Muita coisa se perdeu de forma definitiva, muitas outras foram regravadas, outras porém, por impossibilidade de regravação tiveram que ser “remendadas”. Mas estava firmado nosso compromisso com os Picos. O filme haveria de sair, e da melhor forma que conseguíssemos fazer.

Divulgamos, em meados de 2010, quando concluímos o filme pela primeira vez, que gastamos até aquele momento cerca de 17 mil reais. Talvez as pessoas tenham pensado: “Puxa! Arrecadaram muito dinheiro!” Não se iludam, foi bem mais que isso. Mas esse gasto nos saiu do próprio bolso. Pois reflitam comigo: Éramos 150 pessoas, gastando combustível próprio para chegar as distantes locações, gastando com alimentação quando passávamos do horário das refeições, confeccionando seu próprio figurino, perdendo dia de trabalho e consequentemente os ganhos do dia, gastando energia elétrica, água, tendo levado embora noteboock, pen-driives, bolsa, cabos, enfim, um gasto enorme, que só mesmo a boa vontade, e mais que isso, a verdadeira vontade de fazer, nos fez continuar. Pois acreditem ou não. Essas 150 pessoas envolvidas nesse projeto não receberam um centavo sequer para trabalhar no filme. Todos nós fomos VOLUNTÁRIOS. Em nome da arte, em nome da cultura, em nome do nosso povo, em nome das nossas raízes, em nome do querer contribuir, foi que passamos quase dois anos debruçados nesse projeto. Porque ao contrário do que se vê na cidade hoje em dia, em que até mesmo eventos tradicionais são cortados, como o aniversario de Picos, e agora o carnaval público, quando realmente se quer, se faz. E nós fazemos porque queremos, e gostamos. E porque sabemos que cultura é identidade e não podemos perder a nossa!

Estou indo embora nesse ano, lutar ainda mais pela vida, estudar, aprender, porque nada sei, ou se sei, sei muito pouco... Mas o que sei, disponho aos que posso compartilhar... Portanto, sem medo de apelar, eu peço: Empresários, poder público, pessoas de bem, vamos contribuir de alguma forma com a cultura de nossa gente! Sem apoio, chegamos até aqui, mas com vocês ao nosso lado, podemos ganhar o mundo!

Quero mostrar a vocês com que máquina foi gravado nosso longa metragem. E talvez vocês se choquem ou se surpreendam, porque com os recursos ralos que tínhamos conseguimos fazer, digo sem medo, uma obra histórica para nosso povo. Com essa filmadora digital, nada profissional, foi que gravamos nosso filme. Mas os profissionais imprescindíveis nós dispúnhamos, atores e atrizes de talento.

Portanto, um enredo de amor, luta, esperança e superação que no original continha duas horas de duração e que agora nos chega com uma hora e vinte e cinco minutos de uma estória que espero, envolva e cative a muitos, chega até vocês!
Que os "Picos" possam receber desse grupo de sonhadores, desse elenco de desbravadores que pouco ou nada conhecia de cinema, mas que sem medo ousou em fazer e dar a cara a tapa. Porque pra se fazer cultura não se pode esperar, é preciso agir.
Que nosso filme possa abrir as portas para uma ajuda mais efetiva aos incansáveis fazedores culturais de nossa cidade!
Um beijo carinhoso no coração de todos! E um muitíssimo obrigado a todos que ajudaram a divulgar nosso trabalho, em especial, à Revista mais foco(site e impressa), muraldavila.com.br, jornalista292, TV Picos, agência fcs, simõesnews, folha picoense, Jornal Total, blog agora, 180graus, tribuna do povo, o povo, riachaonet.com.
O filme foi exibido em seguida, e sob o olhar atento e crítico da platéia conseguiu por fim emocionar.

Há poucos dias da estréia do nosso primeiro longa, o filme Senhora dos Remédios, como não poderia deixar de ser a ansiedade é muito grande. O sono não vem, os planejamentos não param, a idealização da noite nos acomete de forma tal que só nos acalmaremos quando a tela se acender e as cenas finalmente tiverem início.
Muitos dias ao sol, muitas noites em claro, muitos eventos perdido, muitas diversões deixadas de lado para que pudéssemos chegar aqui.
Não temos em nossas mãos uma obra holliwodiana, visto que nossos recursos financeiros e tecnológicos não nos permnitiam isso, mas temos conosco um filme acalentado, cuidado, moldado à nossa cara: com simplicidade mas forte, com humildade mas audacioso, com poucos recursos mas repleto de amor e vontade de desbravar um pouco da nossa história e assim tammbém fazer história ao mostrar na telona o nosso rosto, as nossas raízes e nossa identidade.
Uma enredo de amor, luta, esperança e superação que no original continha duas horas de duração e que agora nos chega com uma hora e vinte e cinco minutos de uma estória que espero, envolva e cative a muitos.
Que os "Picos" possam receber desse grupo de sonhadores, desse elenco de desbravadores que pouco ou nada conhecia de cinema, mas que sem medo ousou em fazer e dar a cara a tapa. Porque pra se fazer cultura não se pode esperar, é preciso agir.
Que nosso filme possa abrir as portas para uma ajuda mais efetiva aos incansáveis fazedores culturais de nossa cidade!
Um beijo carinhoso no coração de todos! E um muitíssimo obrigado a todos que ajudaram a divulgar nosso trabalho!
Flávio Guedes